Pois no que me sustenta, e me maltrata,
É fero, quando a morte me dilata,
Quando a vida me tira, é compassivo.
Oh do meu padecer alto motivo!
Mas oh do meu martírio pena ingrata!
Uma vez inconstante, pois me mata,
Muitas vezes cruel, pois me tem vivo.
Já não há de remédio confianças;
Que a morte a destruir não tem alentos,
Quando a vida empenar não tem mudanças.
E quer meu mal dobrando os meus tormentos,
Que esteja morto para as esperanças,
E que ande vivo para os sentimentos.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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