domingo, 16 de outubro de 2022

Classificar as coisas certas

Podemos aprender até mesmo com a classe de coisas que as multidões classificam como boas. Se tivessem classificado as coisas certas — tais como a prudência, a temperança, a justiça e a fortaleza —, não suportariam ouvir nada dissonante no que tange aos bens genuínos. Caso o homem classifique como bom o que somente aparenta ser, ele ouvirá os escritos do poeta cômico e de imediato os considerará aplicáveis.
Inclusive, a multidão percebe a diferença. Caso contrário, dissonâncias não ofenderiam e não seriam rejeitadas, e ditados a respeito da riqueza, do luxo e da fama não seriam percebidos como apropriados e perspicazes.
Prossiga e questione se devemos valorizar e classificar como boas as coisas às quais, após uma concepção inicial, as seguintes palavras do poeta possam ser aplicadas: “Quem as possui em abundância não tem um canto para se aliviar.”

Marco Aurélio, in Meditações

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