quinta-feira, 29 de abril de 2021

Apelo ao medo

 


Esta falácia aposta no medo do público, criando a ameaça de um futuro assustador caso uma determinada proposta seja escolhida. Em vez de oferecer provas concretas de que essa proposta levaria mesmo a tal cenário sombrio, esse tipo de argumento é baseado apenas em retórica, ameaças ou mentiras descaradas. Por exemplo: “Peço que todos os funcionários dessa empresa votem no meu candidato na próxima eleição. Se o outro candidato ganhar, ele irá aumentar impostos e vocês irão perder seus empregos.”
Aqui vai um outro exemplo, do livro O processo (Kafka): “É melhor você me entregar todos os seus objetos de valor antes que a polícia chegue aqui. Senão, os policiais vão colocá-los num depósito, e as coisas tendem a se perder no depósito.” Embora seja quase uma ameaça, ainda que sutil, há uma tentativa de argumentação. Ameaças ostensivas ou ordens que não tentem oferecer alguma evidência não podem ser confundidas com esta falácia, mesmo que busquem explorar o medo de alguém (Engel). Quando um apelo ao medo descreve uma série de eventos aterrorizantes que irão ocorrer como resultado de uma determinada opção – sem conexões causais claras entre a proposta e essas consequências –, o argumento fica próximo à falácia da bola de neve. E quando a pessoa fazendo o apelo ao medo oferece apenas uma alternativa à proposta atacada, a falácia também pode ser um tipo de falso dilema.

Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos

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