quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Janela sobre a janela/3

Estava preso fazia mais de vinte anos, quando a descobriu.
Cumprimentou-a com um gesto da mão, da janela de sua cela, e ela respondeu da janela de sua casa.
Depois, falou a ela com trapos coloridos e letras enormes. As letras formavam palavras que ela lia de binóculos. Ela respondia com letras maiores, porque ele não tinha binóculos.
E assim cresceu o amor.
Agora, Nela e o Negro Viña sentam-se costas contra costas. Se um se levantar, o outro cai.
Eles vendem vinho na frente das ruínas da cadeia de Punta Carretas, em Montevidéu.
Eduardo Galeano, in Mulheres

Nenhum comentário:

Postar um comentário