Ontem
eu
sonhei o teu sonho.
Sonhei
que os soldados,
cantando
e dançando,
libertando-se
de todo mal,
surgiam
de todos os lugares
para
velar o funeral
de
todo arsenal
das
ogivas nucleares.
No
sonho,
os
homens não eram escravos
nem
de si, nem dos outros,
tampouco
das cores,
pois
o dinheiro
havia
sido morto
no
combate com o amor.
As
crianças,
cravo
e canela,
dançavam
com as flores,
como
não tinham fome
caçavam
estrelas
e
quando cansadas
tornavam-se
nelas!
Sonhei
que
as mulheres e os homens
não
tinham coisas, mas sentimentos,
e
em sinal de alegria,
plantavam
suas orações
não
de mãos espalmadas,
mas
de braços dados
com
o milagre do dia.
E
Deus – todo pequeno gesto de amor –
não
frequentava igrejas,
livros
ou estátuas,
apenas
corações…
Ontem,
sonhei
o teu sonho
sem
saber que também era o meu.
Sérgio Vaz, em Colecionador de pedras
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