terça-feira, 7 de maio de 2024

Os sonhos de Luciano

No século II, o sofista greco-siríaco Luciano de Samosata (d. 125-185) teve vários sonhos. Em um deles narrou seus dias de infância, transcorrida e recuperada em visões. Tentou ser escultor no atelier de um tio, porém em um sonho lhe apareceram duas mulheres, a Retórica e a Escultura, enaltecendo seus méritos respectivos. Luciano segue a Retórica, ganha riquezas e honrarias, exorta os jovens a seguir seu exemplo e a serem constantes frente às primeiras dificuldades da vida.
Em outro sonho, chamado O Galo, Micilio sonha felizmente com riquezas e se lamenta de sua miserável vida de lavrador; desperta-o o canto do galo, que em sua vida anterior havia sido Pitágoras; o galo demonstra ao lavrador que a riqueza é fonte de desgraças e preocupações, enquanto que a pobreza proporciona uma vida mais serena e feliz. No terceiro sonho, Viagem aos Infernos ou O Tirano, narra a chegada dos mortos à Estígia: o filósofo Cinisco escarnece tanto que o Tirano se desespera, trata de fugir e recuperar seu passado poder e esplendor; intervém Micilio (agora sapateiro e não mais lavrador) que não teme o juízo final e o espera com alegre curiosidade. Cinisco e ele receberão a bem-aventurança, enquanto que o Tirano enfrentará o castigo.

Rodericus Bartius, Los que son números y los que no lo son, in Livro de Sonhos, de Jorge Luís Borges

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