Era
sua primeira missão como office-boy. Estava com vinte anos,
mas não tinha conseguido outro emprego. Apesar dos jornais
garantirem que não havia crise, ele batera o nariz em dezenas de
portas e tinha enfrentado filas de doze quilômetros. O patrão pediu
que ele entregasse uma carta, com protocolo. Avisou: a pessoa que
receber precisa assinar esse papelzinho. Só entregue ao
destinatário, a ninguém mais. Essa carta é da maior importância.
Foi.
Ao chegar, verificou o endereço: era um terreno baldio. Comparou,
indagou. Não havia engano mesmo. O número correspondia ao terreno.
Voltou ao patrão, contou.
O
patrão:
– Eu
sei que é um terreno. Mas vão construir um prédio ali.
– E
o que faço?
– Você
entrega a carta, como mandei.
O
patrão, homem ocupado, dispensou o boy. Ele voltou ao local.
Nada. Um terreno sujo, cheio de mato. O que fazer? Sentou-se,
pensando que se alguém chegasse por ali, poderia dar uma informação.
No fim do dia, foi embora.
Na
manhã seguinte, ao subir no elevador, encontrou o patrão.
– Como
é, entregou a carta?
– Não
tem prédio lá.
– Mas
vão construir. Já conseguiram o financiamento da Caixa Econômica.
O
boy voltou ao terreno. Naqueles e nos dias seguintes. Nas
semanas e meses. O patrão, inquieto, querendo saber da carta, o boy
mais inquieto ainda, já sem saber por que não construíam logo o
edifício. Um dia, viu homens carpindo o mato. No outro dia, ergueram
um tapume. Em seguida, instalaram placas. Vieram tratores e máquinas.
Cavaram, cavaram, caminhões basculantes levaram a terra, chegou
cimento, aço, pedras. As fundações ficaram prontas.
O
boy ali, todos os dias, firme. Fazendo amizade com os
operários, capatazes da obra, aprendendo como se mistura o cimento,
como se processa a concretagem, acompanhando os andares que subiam,
as lajes sendo terminadas.
O
prédio subiu. A esta altura o patrão, irritadíssimo com o boy,
ameaçava despedi-lo.
– Que
porcaria você é! Nem consegue entregar uma carta!
O
boy, ferido no orgulho, plantou-se então, dia e noite,
sentado num dos andaimes. Amigo de todos os operários, comia e bebia
com eles, contava casos, ouvia histórias do Nordeste, lendas da
Bahia, conhecia a miséria que ia pelo interior, os dramas de fome e
doença, o abandono, a seca. A parte mais demorada, lenta. Colocar
portas, janelas, armários, rebocar, passar massa corrida, pintar,
instalar pias, torneiras, vasos, tacos. Então, a festa de
inauguração, chope. As faixas, os corretores ansiosos por enganar
alguém com as compras maravilhosas que terminavam em pesadelo.
As
pessoas começaram a se mudar. Todos os dias, o boy batia à porta do
apartamento 114. O destinatário ainda não tinha se mudado. Agora, o
boy já tinha feito vinte e três anos e o patrão tinha lhe dado um
prazo fatal, irreversível. Ou entregava a carta, ou era despedido.
Ele
batia à porta, ninguém atendia. Até que um caminhão trouxe
mudança para o 114. Mas a porta continuava fechada, muda.
Batia,
e nada.
Uma
tarde, abriram. Um senhor grisalho, ar sonolento. O boy,
triunfante, estendeu a carta. O homem olhou o destinatário.
– Não
sou eu. Nem sei quem é.
– Como?
O senhor comprou o apartamento de alguém?
– Não.
Comprei na planta. Não teve nenhum dono antes de mim.
– O
que faço?
– Passa
na portaria, fala com o zelador.
O
boy passou, explicou a situação. O zelador apanhou um
carimbo, bateu no envelope: DESTINATÁRIO DESCONHECIDO.
Devolveu
a carta ao boy.
Ignácio
de Loyola Brandão, in Cadeiras proibidas
a nem mano, ele esperou tanto tempo e o destinatario é desconhecido,
ResponderExcluirassim nn da man.
Putz ele esperou 3 anos para nada kkkk
ResponderExcluirele pelo menos terá a chance de ter um outro emprego com tudo que ele aprendeu quando for demitido.
ExcluirObrigado
ExcluirQueria as respostas das atividades
Excluiro patrão não vale nada
ResponderExcluirfode gostoso comigo mas tem que ser no sigilo
ResponderExcluirVerdade
Excluirhttps:www.pornhub.com
ResponderExcluirOi seus gambás kkkkk 🤣 boiei olha seu Aki ó ooooo9oo vamo boiaaaaaaa lelê oooooo lelê ooooooo lelê 9oo kkkkkk🤣🧨 Aki e TNT seus alface 🤣🧨🧨🧨🧨🧨🧨💣💣💣💣🤭🤭😆😆👍 chupa meu 🍯🍯🍯🍯🍯🍯 uuuuuuuuuuuuu
ResponderExcluirEl patron?
ResponderExcluir🎭
ResponderExcluirObrigada
ResponderExcluirObrigada
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