“Mostramo-nos
ingratos em relação ao que nos foi dado por esperarmos sempre no
futuro, como se o futuro (na hipótese de lá chegarmos) não se
transformasse rapidamente em passado. Quem goza apenas do presente
não sabe dar o correto valor aos benefícios da existência; quer o
futuro quer o passado nos podem proporcionar satisfação, o primeiro
pela expectativa, o segundo pela recordação; só que enquanto um é
incerto e pode não se realizar, o outro nunca pode deixar de ter
acontecido. Que loucura é esta que nos faz não dar importância ao
que temos de mais certo? Mostremo-nos satisfeitos por tudo o que nos
foi dado gozar, a não ser que o nosso espírito seja um cesto roto
onde o que entra por um lado vai logo sair pelo outro!”
Sêneca,
in Cartas a Lucílio
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