terça-feira, 28 de agosto de 2018

O disco de MPB esnobado em 1973 que virou cult no rap americano atual

DJ Nuts segura álbum 'Arthur Verocai', que virou 'moda' décadas após seu lançamento em 1973; 'Perceberam que, além de ser um discaço, ele era raro'

Em agosto do ano passado, durante um garimpo esporádico em um bazar de bairro em Osasco, na Grande São Paulo, o estudante Pedro (nome fictício) não acreditou quando viu, intacto dentro de uma caixa perdida discos de vinil, o LP Arthur Verocai, gravado pelo maestro e arranjador carioca de mesmo nome e lançado pela extinta Continental no final de 1972.
Extasiado pelo achado, ele logo se lembrou de que não poderia transmitir afobação ao dono do pequeno estabelecimento que, aparentemente, não sabia que, três anos antes, o mesmo disco fora arrematado em um pregão do eBay por US$ 5,1 mil (quase R$ 20 mil) — o valor mais alto pago por um LP brasileiro na história do site americano de leilões.
O homem disse a Pedro que não venderia os LPs avulsos, mas que aceitava R$ 100 pela caixa inteira. Além do vinil de Verocai, ela tinha ainda outra raridade: o primeiro álbum da dupla Jaime e Nair, gravado em 1974 — também objeto de disputa entre colecionadores brasileiros e do exterior.
Ninguém pode saber que eu tenho esse disco do Arthur Verocai, porque não teria sossego se soubessem”, conta ele que, por isso, pediu para não ter seu nome verdadeiro revelado nesta reportagem.
Poucos meses depois de comprar o disco, Pedro recebeu uma das poucas ofertas para vendê-lo: o filho de Arthur, o também músico Ricardo Verocai, prometeu pagar R$ 1 mil pelo LP, mas o estudante recusou a proposta. “Se faço isso não encontro outro nunca mais”, afirma.
A preocupação faz algum sentido: por quatro décadas, as poucas cópias originais do vinil de Verocai eram encontradas em bazares semelhantes ao que Pedro comprou o seu. Mesmo quando foi lançado, no começo de 1973, o LP vendeu tão pouco que a Continental logo o tirou das lojas para encher as prateleiras com mais versões do disco dos Secos & Molhados, sensação daquele ano.
Verocai, que ganhava a vida como arranjador e maestro, ainda teve que conviver com certo desprezo dos clientes pela obra encalhada. "Quando me davam algum trabalho, me diziam: 'Tenta não repetir aquela loucura que você fez no seu disco, hein?'", conta hoje o músico, em entrevista à BBC News Brasil.
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