quarta-feira, 20 de junho de 2018

Carta

Não sei onde encontrá-lo
neste exato instante.
Nem se você carrega consigo
sua dose excitante de perigo
e a lista de coisas importantes.
Perdi o fio da meada.
Lembro sua figura na calçada,
acenando ternamente;
um acordo apressado
e a semente plantada num lugar qualquer
para o diabo usar quando Deus quiser.
Enquanto isso,
escrevo aquilo que sinto,
sinto tudo que não devo.
Adorável labirinto!
Por enquanto,
é melhor deixar a poesia
divagar no espaço
sem um ponto certo pra pousar.
Pode ser que um dia
ela vá amanhecer no seu canto,
sorrateira.
A desenrolar-se frouxa sobre sua esteira.
Flora Figueiredo

Nenhum comentário:

Postar um comentário