Para
as Festas da Agonia
Vi-te
chegar, como havia
Sonhado
já que chegasses:
Vinha
teu vulto tão belo
Em
teu cavalo amarelo,
Anjo
meu, que, se me amasses,
Em
teu cavalo eu partira
sem
saudade, pena, ou ira;
teu
cavalo, que amarraras
Ao
tronco de minha glória
E
pastava-me a memória.
Feno
de ouro, gramas raras.
Era
tão cálido o peito
Angélico,
onde meu leito
Me
deixaste então fazer,
Que
pude esquecer a cor
Dos
olhos da Vida e a dor
Que
o Sono vinha trazer.
Tão
celeste foi a Festa,
Tão
fino o Anjo, e a Besta
Onde
montei tão serena,
Que
posso, Damas, dizer-vos
E
a vós, Senhores, tão servos
De
outra Festa mais terrena —
Não
morri de mala sorte,
Morri
de amor pela Morte.
ENVOI
Ide,
Palavras, cantar,
No
mar, nas praias, no porto,
O
amor da Morte e do Morto
Que
a Vida não quis amar.
Mário
Faustino
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