Estou
com saudade de Deus,
uma
saudade tão funda que me seca.
Estou
como palha e nada me conforta.
O
amor hoje está tão pobre, tem gripe,
meu
hálito não está para salões.
Fico
em casa esperando Deus,
cavacando
a unha, fungando meu nariz choroso,
querendo
um pôster dele no meu quarto,
gostando
igual antigamente da palavra crepúsculo.
Que
o mundo é desterro eu toda vida soube.
Quando
o sol vai-se embora é pra casa de Deus que vai,
pra
casa onde está meu pai.
Adélia
Prado
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