Tenho
preguiça
pelos
filhos que vão nascer.
Teremos
que explicar
tanta
cousa a tantos deles.
Um
dia hão de me perguntar
tudo
o que perguntei:
Mãe,
por que não posso
ver
Augusto quando quero?
Mãe,
andei lendo muito esses dias
e
estou quase chegando
a
encontrar o que eu queria.
Inutilidade
das palavras.
Tenho
preguiça,
tanta
preguiça
pelos
filhos que vão nascer.
Dez,
vinte, trinta anos
e
estarão procurando alguma cousa.
Nunca
se lembrarão
daqueles
que já morreram
e
procuraram tanto.
Vão
custar (ó deuses)
a
entender aqueles
que
se mataram.
Os
filhos que vão nascer,
coitados!
Hão
de pensar que são eles
os
destinados.
Hão
de pensar que você
nunca
passou o que eles estão passando.
Os
filhos que vão nascer...
Insatisfeitos.
Incompreendidos.
Hilda Hilst, in Baladas
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