Vivia na cidade de Sijistán um senhor
que estudava gramática. Certo dia, ele disse ao filho:
— Sempre que você quiser falar alguma
coisa, consulte antes a sua inteligência, pense a respeito com muito
cuidado a fim de retificar a frase e somente então pronuncie as
palavras, corretas e muito bem medidas.
Então, certo dia de inverno, enquanto
ambos estavam sentados juntos diante de uma fogueira crepitante, uma
brasa caiu no manto de seda com o qual o pai se cobria; ele estava
distraído, mas o filho, que viu o ocorrido, calou- -se por alguns
instantes, pensativo, e depois disse:
— Papai, quero dizer uma coisa; o
senhor me autoriza?
O pai respondeu:
— Se for verdade, fale.
O filho disse:
— Creio que seja verdade.
O pai disse:
— Fale.
O menino disse:
— Vejo algo vermelho.
O pai perguntou:
— O que é?
O menino respondeu:
— Uma brasa que caiu em seu manto!
Então o pai olhou para o manto, do qual
uma parte já se queimara. Perguntou ao filho:
— E por que não me falou depressa?
O menino respondeu:
— Refleti a respeito como o senhor
ordenou, em seguida retifiquei as palavras, e só então as
pronunciei!
O pai jurou solenemente que nunca mais
falaria sobre gramática.
Mamede Mustafa Jarouche (trad.), in Histórias para ler sem pressa
Nenhum comentário:
Postar um comentário