quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Invernada no sertão

O sertanejo amola a enxada,
Bate estaca na cerca, troca arame,
Faz o broque da malva e do velame,
Ara as terras da serra e da baixada,
Quando a nuvem destampa a invernada,
Corta a terra, abre cova, põe o grão,
E espera, do céu, a redenção,
E da terra, a fartura pro seu lar,
O inverno chegou para animar
O caboclo sofrido do sertão.

Em mil regos água se derrama,
Rebentando nas pedras do serrote,
Bezerro pelo prado dá pinote,
Galinha cacareja, cisca a grama,
Marmeleiro ligeiro pega rama,
Passarada entoa uma canção,
Mané Besta na ponta dum mourão,
Faz firula por não saber cantar,
O inverno chegou para animar,
O caboclo sofrido do sertão.

Papa-sebo bicora uma saúva,
Berra um bode ao longe, a vaca muge,
A ovelha se farta na babuge,
Abrem flores nas “Toucas de Viúva,”
Natureza celebra quando a chuva,
Se despenca do céu e cai no chão,
Cada vivo renasce numa ação,
Que o milagre da chuva fez brotar,
O inverno chegou para animar,
O caboclo sofrido do sertão.
Zenóbio Oliveira

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