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Charles
estava de pé diante do bar na estalagem do vilarejo e Charles ria
deliciado das histórias engraçadas que os caixeiros-viajantes
perdidos na noite contavam. Puxou sua bolsa de tabaco com o magro
tilintar de moedas de prata e pagou um trago aos homens para que
continuassem falando. Sorria e esfregava as juntas dos dedos
rachadas. E quando os caixeiros, aceitando sua bebida, ergueram os
copos e disseram “Um brinde a você”, Charles ficou deleitado.
Pediu outra rodada para os novos amigos e juntou-se a eles para
continuar a algazarra em outro local.
Quando
Cyrus saiu mancando noite adentro, estava tomado por uma espécie de
raiva desesperada contra Charles. Procurou o filho na estrada e foi
até a estalagem atrás dele, mas Charles já tinha saído. É
provável que se o encontrasse naquela noite o tivesse matado, ou
tentado. O rumo de uma grande ação pode mudar a história, mas
provavelmente todas as ações produzem o mesmo à sua maneira, desde
uma pedra pisada no caminho até a visão de uma bela jovem ou de uma
apara de unha no chão do jardim.
Naturalmente,
não demorou para que contassem a Charles que seu pai andava à sua
procura com uma espingarda. Escondeu-se por duas semanas e quando
finalmente voltou o assassinato havia definhado em simples raiva e
pagou sua pena com excesso de trabalho e uma falsa humildade teatral.
Adam
ficou quatro dias de cama, tão rígido e dolorido que não podia se
mexer sem um gemido. No terceiro dia, seu pai deu prova da sua
influência junto aos militares. Fez aquilo como um cataplasma para o
seu próprio orgulho e também como uma espécie de prêmio para
Adam. Um capitão da cavalaria e dois sargentos em farda azul de gala
entraram pela casa e foram até o quarto de Adam. No pátio
dianteiro, dois praças seguravam seus cavalos. Deitado na cama, Adam
foi alistado no Exército como soldado da cavalaria. Assinou os
Artigos de Guerra e prestou o juramento enquanto seu pai e Alice
assistiam. E os olhos do pai reluziam com lágrimas.
Depois
que os soldados se foram, seu pai ficou sentado com ele um longo
tempo.
— Coloquei-o
na cavalaria por um motivo — disse. — A vida de quartel não é
uma boa vida por muito tempo. Mas na cavalaria sempre há o que
fazer. Certifiquei-me disso. Você vai gostar de ir para a terra dos
índios. Tem ação a caminho. Não posso lhe dizer como sei. Vem
luta por aí.
— Sim,
senhor — disse Adam.
John Steinbeck, em A leste do Éden
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