qualquer
coincidência
é
mera semelhança
enquanto
o quixote pensa
sancho
coça a sancha pança
todas
as coisas sejam iguais
que
o vermelho seja verde
o
azul seja amarelo
e
sempre seja nunca mais
este
planeta, às vezes, cansa,
almas
pretas com suas caras brancas
suas
noites de briga braba,
sujas
tardes de água mansa,
minutos
de luz e pavor
casa
cheia de doce,
ondas
tinindo de dor,
acabou-se
o que era amargo,
pisar
este planeta
como
quem esmaga uma flor
misto
de tédio e mistério
meio
dia/meio termo
incerto
ver nesse inverno
medo
que a noite tem
que
o dia acorde mais cedo
e
seja eterno o amanhecer
azuis
como os sorrisos das crianças
e
pesados como os provérbios das velhas
anos
cultivei a ideia do poema,
coisa
inteira, ovo, ânsia e antena,
meus
poemas são ideias
ontem,
coisa inteira, hoje, apenas manchas.
Paulo Leminski, em Toda poesia
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