sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Pare de olhar para as minhas tetas, senhor

Big Bart era o sujeito mais malvado do Oeste. Tinha a pistola mais rápida do Oeste e havia fodido mais mulheres do que qualquer outro no Oeste. Não gostava de banho, bobagens e nem de ser o segundo melhor. Também era o chefe de uma caravana que ia para o Oeste e não havia um homem da sua idade que tivesse matado mais índios, trepado com mais mulheres ou matado mais brancos.
Big Bart era o melhor e ele sabia disso, todo mundo sabia. Até seus peidos eram excepcionais, mais altos do que a campainha que anunciava a janta, e ele tinha o pau grande. O que Big Bart fazia era levar a caravana em segurança, foder as mulheres, matar alguns homens e então voltar para recarregar a caravana. Tinha uma barba negra, um cu sujo e dentes amarelos e radiantes.
Tinha acabado de foder a jovem esposa de Billy Joe até deixá-la com as pernas frouxas, enquanto obrigava Billy Joe a ficar olhando. Fez a jovem esposa falar com Billy Joe enquanto a fodia. Fez com que ela gritasse:
Ah, Billy Joe, todo esse caralho enfiado em mim, da minha buceta até a minha garganta, mal posso respirar! Billy Joe, me salve! Não, Billy Joe, não me salve!
Depois que Big Bart gozou, fez com que Billy Joe lavasse seu pau, e então foram todos para um grande jantar de toucinho, ervilhas e biscoitos.
No dia seguinte, encontraram uma carroça que fazia sozinha o caminho pela pradaria. Um garoto magricelo de aproximadamente dezesseis anos com um caso sério de acne estava nas rédeas. Big Bart se aproximou e conduziram lado a lado.
Qual é, garoto – ele disse.
O garoto não respondeu.
Estou falando com você, garoto...
Vai tomar no cu – disse o garoto.
Sou Big Bart.
Vai tomar no cu, Big Bart – disse o garoto.
Qual o seu nome, filho?
Pode me chamar de “Kid”.
Olha, Kid, não há nenhuma chance de um homem conseguir passar por este território indígena com uma única carroça.
Pretendo conseguir – disse Kid.
Ok. É a sua bunda que está em jogo, Kid – disse Big Bart. Enquanto se afastava, os panos da carroça abriram e de lá saiu uma jovenzinha com cem centímetros de peito e um belo e grande traseiro e olhos como os do céu após uma boa chuva. Ela pôs os olhos em Big Bart, e o caralho dele estremeceu contra a protuberância da sela.
Para o seu próprio bem, Kid, você vem conosco.
Vá se foder, velhote – disse Kid –, não aceito conselhos de velhos de cueca suja.
Já matei homens só por piscarem seus olhos – disse Big Bart.
Kid cuspiu no chão. Então espichou a mão e coçou o saco.
Velho, você me aborrece. Desaparece da minha frente ou vou deixá-lo parecido com um pedaço de queijo suíço.
Kid – disse a garota se inclinando sobre ele, uma de suas tetas escapou, dando uma ereção à luz do sol. – Kid, acho que o homem está certo. Sozinhos não teremos nenhuma chance contra aqueles índios filhos da puta. Não seja um imbecil. Diga ao homem que iremos juntos.
Iremos juntos – disse Kid.
Qual o nome da sua garota? – perguntou Big Bart.
Orvalho de Mel – disse Kid.
E pare de olhar para as minhas tetas, senhor – disse Orvalho de Mel –, ou vou espancá-lo até a morte.
As coisas ficaram bem por um tempo. Houve uma escaramuça com os índios no cânion Blueball; 37 índios foram mortos, um capturado. Nenhuma baixa americana. Big Bart comeu o cu do índio capturado e depois o contratou como cozinheiro. Houve outra escaramuça no cânion Clap, 37 índios foram mortos, um capturado. Nenhuma baixa americana. Big Bart comeu o cu...
Era óbvio que Big Bart sentia tesão por Orvalho de Mel. Não podia tirar os olhos dela. Aquele rabo, o grande problema era o rabo. Uma vez, de tanto olhar, caiu de seu cavalo e um dos dois cozinheiros indígenas riu. Ficaram apenas com um cozinheiro indígena.
Um dia Big Bart enviou Kid com um grupo de caça para pegarem alguns búfalos. Big Bart esperou até que eles se afastassem então aproximou-se da carroça de Kid. Saltou para o assento e empurrou os panos para trás e entrou. Orvalho de Mel estava agachada no centro da carroça se masturbando.
Jesus, tesudinha – disse Big Bart –, não cometa esse desperdício.
Saia já daqui – disse Orvalho de Mel, tirando o dedo e o mostrando para Big Bart –, saia daqui e me deixe fazer o que quero!
Seu homem não está dando conta de você, Orvalho de Mel!
Ele está dando conta de mim, idiota, acontece que eu não consigo me satisfazer. Depois das minhas regras fico muito excitada.
Escute, tesudinha...
Vai se foder!
Escute, garota, olhe...
E ele botou sua britadeira pra fora. Estava roxa e balançava pra frente e parar trás como um pêndulo de relógio do tempo do vovô. Gotinhas de cuspe caíram no chão.
Orvalho de Mel não podia tirar os olhos daquele instrumento. Finalmente ela disse:
Você não vai meter essa merda em mim!
Diga isso como se realmente quisesse dizer isso, Orvalho de Mel.
VOCÊ NÃO VAI METER ESSA MERDA EM MIM!
Mas por quê? Por quê? Dê uma olhada nele.
Estou olhando!
Mas por que não quer?
Porque estou apaixonada pelo Kid.
Amor? – disse Big Bart rindo. – Amor? Amor é um conto de fadas para idiotas! Olha bem para essa fantástica foice! Isso ganha do amor sempre!
Amo Kid, Big Bart.
E veja a minha língua – disse Big Bart –, a melhor língua do Oeste.
Colocou a língua para fora e demonstrou alguns movimentos.
Eu amo o Kid – disse Orvalho de Mel.
Bem, vá se foder – disse Big Bart e correu e se atirou em cima dela.
Foi um trabalho do cão para enfiar o pau nela e, quando conseguiu, Orvalho de Mel gritou. Deu sete bombadas e então sentiu que estava sendo puxado para fora.
ERA KID. DE VOLTA DA CAÇADA.
Pegamos o seu búfalo, seu filho da puta. Agora, se você colocar suas calças e sair, acertaremos o resto.
Tenho o gatilho mais rápido do Oeste – disse Big Bart.
Vou abrir um buraco tão grande em você que seu cu vai parecer um poro em sua pele – disse Kid. – Vamos lá, vamos resolver isso. Estou com fome para o jantar. Essa caçada de búfalo me abriu o apetite...
Os homens sentaram ao redor da fogueira observando. Havia uma certa vibração no ar. As mulheres ficaram nas carroças, rezando, se masturbando e bebendo gim. Big bart tinha 34 marcas em sua arma e péssima memória. Kid não tinha nenhuma marca em sua arma. Mas tinha uma confiança que poucos já haviam visto antes. Big Bart parecia o mais nervoso dos dois. Tomou um gole de uísque, bebendo metade do frasco, então caminhou até Kid.
Olhe, Kid...
Fala, filho da puta...
Quero dizer, por que perder a cabeça por uma coisa dessas?
Vou estourar suas bolas, velho!
Por quê?
Você estava se metendo com a minha mulher, velho!
Escute, Kid, não entende o que aconteceu? A fêmea nos colocou um contra o outro. Estamos entrando no jogo dela.
Não quero ouvir sua merda, paizinho! Agora recue e saque! Já chega!
Kid...
Recue e saque!
Os homens na fogueira ficaram tensos. Um leve vento soprou do Oeste e cheirava a merda de cavalo. Alguém tossiu. As mulheres agachadas em suas carroças, bebendo gim, rezando e se masturbando. O crepúsculo chegava.
Big Bart e Kid estavam a trinta passos um do outro.
Saque, titica de galinha – disse Kid –, saque, seu titica de galinha, molestador de mulheres!
Discretamente surgiu uma mulher por entre os panos de uma carroça com um rifle. Era Orvalho de Mel. Ela apoiou o rifle no ombro e fez mira pelo cano.
Vamos, seu estuprador de merda – disse Kid –, SAQUE!
A mão de Big Bart bateu levemente no coldre. Um tiro soou pelo crepúsculo. Orvalho de Mel baixou seu rifle fumegante e voltou para dentro da carroça coberta. Kid estava morto no chão, um buraco em sua testa. Big Bart colocou sua arma, que não tinha sido usada, de volta no coldre e caminhou a passos largos para a carroça. A lua estava alta.

Charles Bukowski, in Ao sul de lugar nenhum

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