Soube
o que era chorar
quando
Amélia,
no
funeral do irmão,
em
lágrimas se desabotoou.
Rosto
desprotegido,
mãos
em desmaio,
aquele
pranto fazia inexistir
as
tristezas todas do mundo.
Não
era compaixão
o
que no peito me doía.
Invejava
nela a fraqueza,
a
coragem desse desamparo.
Não
invejes, meu filho, disse minha mãe.
Chorar
assim, só uma santa.
Aquelas
lágrimas
eram
para Deus: não havia chão para as receber.
No
regresso a casa,
a
minha mão estremeceu, indefesa,
sobre
o ombro de Amélia.
E
como era extenso o ombro de Amélia.
Meu
trêmulo dedo
a
lágrima enxugou.
Ela
me olhou,
com
modos de ausência.
A
sua voz era uma brisa
no
dizer da surpresa: chorei, eu?
A
tristeza mais triste
é
dos que nem sabem que choram.
Mia
Couto
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