segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Ainda as convicções

Um porteiro que tive estava convencido de que rato, depois de velho, vira morcego. Confessei-lhe que até então ignorava tal coisa. Fosse eu discutir com ele! Fosse eu discutir com aquela senhora que durante a última guerra se comunicou com Joana d’Arc numa sessão espírita do Partenon! Não seria mais sensato que a santa de França, naquela época, se comunicasse com o próprio De Gaulle lá na Europa e não com gente anônima no obscuro arrabalde de uma cidade remota? Mas para que discutir? O velho se achava tão feliz com a sua História Natural e a velha com a sua história do outro mundo que seria uma crueldade desenganá-los...
Depois disto, para casos tais e outros menos ingênuos, o meu lema é o seguinte:
Nunca se deve tirar o brinquedo de uma criança…
Mário Quintana, in A vaca e o hipogrifo

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