Um
porteiro que tive estava convencido de que rato, depois de velho,
vira morcego. Confessei-lhe que até então ignorava tal coisa. Fosse
eu discutir com ele! Fosse eu discutir com aquela senhora que durante
a última guerra se comunicou com Joana d’Arc numa sessão espírita
do Partenon! Não seria mais sensato que a santa de França, naquela
época, se comunicasse com o próprio De Gaulle lá na Europa e não
com gente anônima no obscuro arrabalde de uma cidade remota? Mas
para que discutir? O velho se achava tão feliz com a sua História
Natural e a velha com a sua história do outro mundo que seria uma
crueldade desenganá-los...
Depois
disto, para casos tais e outros menos ingênuos, o meu lema é o
seguinte:
— Nunca
se deve tirar o brinquedo de uma criança…
Mário
Quintana, in A vaca e o hipogrifo
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