O
Olimpo andava muito chato e Zeus murmurou:
– Tá
faltando mulher no pedaço.
Resolveu
criar a secretária gostosa. Pandora. Cada um dos deuses contribuiu
pra vaquinha de atributos. O dom da persuasão foi presente de
Hermes. Afrodite brindou-a com a beleza. Apoio dotou-a para a música.
João Araújo arrumou um contrato na Som Livre e Marta Rocha
cedeu-lhe as famosas polegadas a mais nos quadris. Pandora foi dada a
Epimeteu. Um dia, Epimeteu chegou de porre do Lamas. Pandora,
tentando descolar algum pro cabeleireiro, vasculhou o bolso da
bermuda do cara e encontrou um lenço manchado de baton, ingressos
pro circo Orlando Orfei e uma caixa. Desconfiada de que Epimeteu
estivesse metendo o epi na xavasca alheia, Pandora abriu a tal caixa.
Deve ser camisinha, pensou. Acontece que a caixa continha os males,
os crimes, as pragas e os votos que reelegeram Antonio Carlos
Magalhães. Essas merdas escaparam da caixa e se espalharam pelo
mundo. Só a Esperança ficou no fundo da caixa. Louca de raiva,
Pandora berrou:
– Não
banca a sonsa pra cima de moá, piranha.
E
enfiou os tamancos nos cornos da pobrezinha até matar. Daí vieram
as expressões “matou a pau” e “a Esperança é a última que
morre”. Epimeteu passou a viver de bar em bar, sempre resmungando:
“Vivi séculos com aquela pilantra c não saquei a peste que era”.
Por isso é que Epimeteu, em grego, significa mais ou menos “o que
reflete demasiado tarde”, ou, no jargão carioca, “aquele
babaca”.
Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo
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