“[…]
Não, não se aproximem, não sei se era bem uma luz.
Melhor dizendo, era. Mas como algo que pudesse ser uma luz de
brinquedo, uma falsa luz, uma coisa repugnante que tinha tomado o
lugar da verdadeira luz, aquela boa e velha luz que fazia com que
nossos avós vissem as coisas como elas são, simples, claras,
necessárias. Essa coisa que tomava o lugar da verdadeira luz teve um
parto difícil em mim. Me recusei terminantemente a reconhecê-la
como minha legítima luz, a que eu esperava, a luz de que eu estava
grávido desde que eu disse eu, olhei em volta e vi que aquilo. E foi
à pseudoluminosidade dessa luz de mentira que entendi tudo, ou
quase.”
Paulo
Leminski, in
Agora
é que são elas
Nenhum comentário:
Postar um comentário