Olha, as árvores
estão a transformar
os seus próprios corpos
em pilares
de luz,
exalam a encorpada
fragrância da canela
e da realização,
os longos cones
das taboas
estão prestes a rebentar, flutuam
por sobre os ombros azuis
dos lagos,
e todo o lago,
não importa qual seja
o seu nome, é
anónimo, agora.
A cada ano,
tudo
o que aprendi
durante a minha vida
leva-me de volta a isto: os fogos
e o negro rio da perda,
que na outra margem
guarda a salvação,
cujo significado
nenhum de nós alguma vez saberá.
Para viver neste mundo
deverás ser capaz
de fazer três coisas:
amar o efeméro;
segurá-lo
contra os teus ossos, sabendo
que a tua própria vida depende disso;
e, quando chegar a hora de o libertar,
deixá-lo ir.
Mary Oliver, em Devotions (versão de Pedro Belo Clara)
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