Nos
quatro bancos de cimento
da
ilha do Parque estão postados
com
o maior comedimento
quatro
casais de namorados.
Há
nas ilhas sempre o convite
a
idílios sem falsos recatos,
mas
aqui se traça o limite
que
separa intenções e atos.
Os
casais se entreolham, discretos,
esperando
que um deles ouse
libertar
instintos inquietos,
acabando
com a falsa pose.
Ninguém
se atreve a dar a senha
das
carícias que sonham ser.
Grossa
cortina de estamenha
vela
o arrepio de viver.
Tão
leve, o dia! O verde, o esquilo,
céu
autorizativo, cúmplice…
Mas
vê-se bem que tudo aquilo
é
cenário de jogo dúplice.
Perde
amor mais uma parada
nesta
Citera provincial.
Tarde.
Fecha-se o Parque. Nada
acontece
de bem ou mal.
Carlos Drummond de Andrade, em Boitempo – Esquecer para lembrar
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