segunda-feira, 25 de novembro de 2024

[Para Anthony Linick] | 6 de março de 1959

[...] Eu diria que vários dos nossos poetas, os honestos, admitiriam que não têm manifesto algum. É uma confissão dolorosa, mas a arte da poesia traz em si seus próprios poderes, sem ter de desmembrá-los em listagens críticas. Não estou querendo dizer que a poesia deveria ser um palhaço malucão e irresponsável atirando palavras ao vazio. Mas a própria sensação de um bom poema traz em si sua razão de ser. Tenho noção da Neocrítica e da Nova Neocrítica e da escola de pensamento do Violão Azul, da escola inglesa transmitida por Paris Leary, da forte escola imagética de Epos e Flame etc. etc., mas tudo isso são demandas em estilo e modo e método mais do que em conteúdo, embora tenhamos certas restrições aqui também. Mas essencialmente a Arte é sua própria desculpa, e ou é Arte ou é outra coisa. Ou é um poema ou é um pedaço de queijo.

Charles Bukowski, em Escrever para não enlouquecer

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