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Eu diria que vários dos nossos poetas, os honestos, admitiriam que
não têm manifesto algum. É uma confissão dolorosa, mas a arte da
poesia traz em si seus próprios poderes, sem ter de desmembrá-los
em listagens críticas. Não estou querendo dizer que a poesia
deveria ser um palhaço malucão e irresponsável atirando palavras
ao vazio. Mas a própria sensação de um bom poema traz em si sua
razão de ser. Tenho noção da Neocrítica e da Nova Neocrítica e
da escola de pensamento do Violão Azul, da escola inglesa
transmitida por Paris Leary, da forte escola imagética de Epos
e Flame etc. etc., mas tudo isso são demandas em estilo e
modo e método mais do que em conteúdo, embora tenhamos certas
restrições aqui também. Mas essencialmente a Arte é sua própria
desculpa, e ou é Arte ou é outra coisa. Ou é um poema ou é um
pedaço de queijo.
Charles Bukowski, em Escrever para não enlouquecer
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