Henry
de Monfreid, escritor e aventureiro que por si só mereceria um longo
estudo, esteve durante suas viagens com Teilhard de Chardin,
encontrando-se com ele várias vezes na Etiópia.
Mas
mantém segredo sobre as confidências que Chardin lhe fez. “Não
posso repeti-las porque dei a ele a minha palavra de honra de não
passá-las adiante.”
No
entanto, insistido pelo seu entrevistador, Monfreid disse que alguma
coisa podia contar. Que uma vez Teilhard estava pensando alto, a modo
de dizer. E ao que dissera, acrescentara:
“Falei
com Deus, não falei aos homens, porque as ideias que hoje tenho não
devem ser divulgadas, já que a humanidade ainda não está madura
para recebê-las. Quanto a mim, cheguei ao alto da montanha e agora
vejo um horizonte que os outros, aqueles que atrás de mim continuam
a subir, não veem. E se eu lhes revelar o que vi, eles se arriscam a
perder a fé simples e ingênua que os sustenta nesse momento e que
lhes permite subir a montanha que eu mesmo subi. Eis por que é
preciso silenciar sobre minhas ideias, e que elas só venham à luz
quando a humanidade tiver evoluído o bastante para recebê-las.”
Clarice Lispector, em Todas as crônicas
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