El
Dorado
Longo
tempo andaram os homens de Gonzalo Pizarro, selva adentro, buscando o
príncipe de pele de ouro e os bosques de canela. Encontraram
serpentes e morcegos, exércitos de mosquitos, pântanos e chuvas de
nunca acabar. Os relâmpagos iluminaram, noite após noite, esta
caravana de despidos, grudados um a outro pelo pânico.
Esta
noite estão chegando, chagas e ossos, aos limites de Quito. Cada um
diz seu nome para ser reconhecido. Dos quatro mil escravos índios da
expedição, não regressou nem um.
O
capitão Gonzalo Pizarro se ajoelha e beija a terra. Ontem à noite,
ele tinha sonhado com um dragão que se atirava em cima dele e o
despedaçava e comia seu coração. Por isso fecha os olhos, agora,
quando chega a notícia:
– Teu
irmão Francisco foi assassinado em Lima.
Eduardo Galeano, em Os Nascimentos
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