acordando
em uma daquelas manhãs no depósito de bêbados,
lábio
inferior arrebentado, dentes soltos, miolos nadando em
uma
cacofonia que não é sua, com
todos
aqueles outros estranhos enrolados em farrapos, agora
barulhentos
em seu sono louco, com nada para lhe fazer
companhia
a não ser uma privada entupida,
um
assoalho frio e duro
e
a lei de outra
pessoa.
e
sempre havia uma voz matinal, uma voz alta:
“CAFÉ
DA MANHÃ!”
você
normalmente não iria querer aquilo
mas
se você quisesse
antes
que pudesse pôr em ordem seus pensamentos
e
ficar em pé
a
porta da cela batia
e
se fechava.
agora
cada manhã é como um lento sonho
de
satisfação. encontro meus chinelos, eu os calço,
vou
ao banheiro, então desço a
escada
com um turbilhão de corpos peludos, sou
o
provedor, o deus, limpo as tigelas dos gatos, abro
as
latas e converso com eles e eles se animam e
fazem
seus sons ansiosos.
coloco
as tigelas no chão enquanto cada gato vai para a sua
própria
tigela, então reabasteço o pires com água
e
olho todos os cinco comendo
em
paz.
volto
pela escada até o quarto
onde
minha mulher ainda dorme, rastejo sob
as
cobertas com ela, viro minhas costas para o sol
e
logo estou dormindo de novo.
você
tem que morrer algumas vezes antes de poder realmente
viver.
Charles Bukowski, em As pessoas parecem flores finalmente
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