Chegou uma cópia da segunda edição de In Nomine Dei. Mais cinco mil exemplares, que se vão juntar aos dez mil da edição inicial. Pergunto: que se passa, para que uma peça de teatro atraia tanta gente? Já não é só o romance que interessa aos leitores? Terá isto que ver, apenas, com a simples fidelidade de quem se habituou a ler-me? Ou será que, neste tempo de violência e frivolidade, as “questões grandes” continuam a roer a alma, ou o espírito, ou a inteligência (“moer o juízo” é uma expressão com muito mais força) daqueles que não querem conformar-se? Se assim é, espero que venham a sentir-se bem servidos com o Ensaio sobre a Cegueira…
José Saramago, em Cadernos de Lanzarote
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