A rosa do amor
perdi-a nas águas.
Manchei meus dedos de luta
naquela haste de espinho.
E no entanto a perdi.
Os tristes me perguntaram
se ela foi vida p’ra mim.
Os doidos nada disseram
pois sabiam que até hoje
os homens
dela jamais se apossaram.
Ficou um resto de queixa
na minha boca oprimida.
Ficou gemido de morte
na mão que a deixou cair.
A rosa do amor
perdi-a nas águas.
Depois me perdi
no coração de amigos.
Hilda Hilst, in Baladas
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