Dias depois, Pedro Guarany também
apertava os arreios do seu pingo. Muito embora estivesse gostando da
rotina na venda, teria que partir. Sabia que João Fôia estava pelas
redondezas em busca de serviço e já não se sentia seguro. Estava
nublado e abafado. Prenúncio de chuvarada. Atou o violão bem firme
para não cair. Já estava com o pagamento pelo serviço escondido na
guaiaca. Deu uma última caminhada, despediu-se dos animais e, por
fim, foi dar adeus ao velho Geraldo.
— Gracias pela ajuda, guri —
disse o pulpero.
Quando Pedro Guarany lhe estendeu a mão
para a despedida, foi surpreendido pelo abraço fraternal do outro
que, com os olhos marejados, encarou aquele visitante, a quem já
queria como um filho.
— Quando cansar da estrada, volta aqui
pra minha casa para seguirmos nossas conversas e me ajudares. Por
aqui, sempre tem o que fazer.
Constrangido pela demonstração de
afeto, Pedro não conseguiu agradecer como queria. As palavras
ficaram trancadas em sua garganta. Mesmo assim, Geraldo entendeu
tudo.
Pedro vestiu seu poncho e desabou as abas
do sombreiro.
— Hasta siempre, amigo! —
gritou, antes de esporear seu cavalo e partir rumo ao horizonte que
trovejava.
R. Tavares, in Andarilhos
Nenhum comentário:
Postar um comentário