Abres-me,
janela,
e
antigas memórias
me
salpicam o rosto,
chuvas
ainda por desabar.
Escancaradas
portadas,
devolvem-me
o corpo,
esse
mesmo corpo
que,
para febre e desejo,
em
outro corpo acendi.
Abres-me,
saudade
e
o tempo se descalça
para
atravessar
incandescentes
brasas.
E
quando,
de
novo, me encerras,
volto
a dormir
como
dormem os rios
em
véspera de serem água.
A
saudade
é
o que ficou
do
que nunca fomos.
Mia
Couto
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