Existe
mais de um bilhão de Barbies. Só os chineses superam essa população
tão enorme.
A
mulher mais amada do mundo não poderia falhar. Na guerra do Bem,
contra o Mal, Barbie se alistou, bateu continência e foi para a
guerra do Iraque.
Chegou
à frente de batalha vestindo fardas de terra, mar e ar, feitos sob
medida, que o Pentágono examinou e aprovou.
Ela
está acostumada a mudar de profissão, de penteado e de roupa.
Também foi cantora, esportista, paleontóloga, dentista, astronauta,
bailarina e sei lá mais o quê, e cada novo ofício implica um novo
look e um novo vestuário completo, que todas as meninas do mundo
estão obrigadas a comprar.
Em
fevereiro de 2004, Barbie também quis mudar de par. Fazia quase meio
século que estava ao lado de Ken, que não tem no corpo outra
saliência além do nariz, quando foi seduzida por um surfista
australiano que a convidou para cometer o pecado do plástico.
A
empresa Mattel anunciou, oficialmente, a separação.
Foi
uma catástrofe. As vendas desabaram. Barbie podia, e devia mudar de
ocupação e de vestidos, mas não tinha o direito de dar mau
exemplo.
Então
a empresa Mattel anunciou, oficialmente, a reconciliação.
Eduardo
Galeano,
in
Espelhos
– uma história quase universal
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