“Se o Pranto e o Riso aparecessem neste
grande teatro no traje da verdade (sempre nua), sem dúvida seria a vitória do
Pranto. Mas vestido, ornado e armado de uma tão superior eloquência, que o Riso
se ria do Pranto, não é merecimento, foi sorte. De tudo quanto ri saiu vestido,
ornado e armado o Riso: riem-se os prados e saiu vestido de flores: ri-se a
Aurora, e saiu ornado de luzes; e se aos relâmpagos e raios chamou a
Antiguidade Risus Vestae, et Vulcani,
entre tantos relâmpagos, trovões e raios de eloquência, quem não julgará ao
miserável Pranto cego, atónito e fulminado? Tal é a fortuna, ou a natureza,
destes dois contrários. Por isso nasce o Riso na boca, como eloquente, e o
Pranto nos olhos, como mudo.”
Padre
Antônio Vieira, in Sermões
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