“Mesmo
que possa lutar contra um ataque de depressão, em nome de que vitalidade me
obstinaria contra uma obsessão que me pertence, que me precede? Quando estou bem de saúde, escolho o caminho que me
agrada; ‘doente’, já não sou eu quem decide: é meu mal. Para os obcecados não
existe opção: sua obsessão já optou por eles. Uma pessoa se escolhe quando dispõe de virtudes indiferentes; mas a nitidez de
um mal é superior à diversidade dos caminhos a escolher. Perguntar-se se se é
livre ou não: futilidade aos olhos de um espírito a quem arrastam as calorias
de seus delírios. Para ele, exaltar a liberdade é dar provas de uma saúde
indecente.
A liberdade? Sofisma dos saudáveis.”
Emil
Michel Cioran, in Silogismos da amargura
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