“As
emoções que a literatura suscita são talvez eternas, mas os meios devem variar
constantemente, mesmo que ligeiramente, para não perder a sua virtude.
Desgastam-se à medida que o leitor os reconhece. Daí o perigo de afirmar que
existem obras clássicas que o serão para sempre.
Cada
qual descrê da sua arte e dos seus artifícios. Eu, que me resignei a pôr em
dúvida a indefinida duração de Voltaire ou de Shakespeare, acredito (nesta
tarde de um dos últimos dias de 1965) na de Schopenhauer e na de Berkeley.
Clássico não é um livro (repito-o) que
possui necessariamente tais ou tais méritos. É um livro que as gerações dos
homens, motivadas por razões diversas, leem com prévio fervor e com uma
misteriosa lealdade.”
Jorge
Luís Borges, in Nova Antologia Pessoal
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