“Tua
alma e tudo que há de ígneo incorporado em ti, ainda que por
natureza tendam a elevar-se, submetem-se aqui ao conjunto de que
fazem parte, obedientes à disposição do universo. E também tudo
que é de natureza térrea e aquosa, embora sua tendência seja cair
mantém-se elevado e ocupa a posição que não é a de sua natureza.
Assim, então, os elementos obedecem ao todo, pois desde que foram
fixados em certo lugar permanecem ali por força, até o momento em
que for dado novamente o sinal de dissolução. Não é iníquo,
então que só a tua parte racional seja desobediente e proteste
contra o lugar que lhe coube? E todavia nada lhe é imposto por
força, mas somente o que é conforme à sua natureza; ela, porém,
não se submete, mas é levada na direção oposta. Esse movimento no
sentido da injustiça e intemperança e cólera e aflição e medo
nada é senão um afastamento da natureza. E ainda quando a razão
está descontente com algo que acontece, afasta-se também de seu
próprio lugar, pois foi constituída para a piedade e religiosidade,
não menos que para a justiça. Essas qualidades apresentam-se sob o
aspecto de sociabilidade e são ainda mais respeitáveis que as ações
justas.”
Marco
Aurélio, in Meditações
Nenhum comentário:
Postar um comentário