Ritmo
de pulmões da cidade que dorme. Fora, faz frio.
De
repente, um barulho atravessa a janela fechada. Você aperta as unhas
em meu braço. Não respiro. Escutamos um barulho de golpes e
palavrões e o longo uivo de uma voz humana. Depois, silêncio.
– Não
peso muito?
Nó
marinheiro.
Formosuras
e dormidezas, mais poderosas que o medo.
Quando
entra o sol, pestanejo e espreguiço com quatro braços. Ninguém
sabe quem é o dono deste joelho, nem de quem é este cotovelo ou
este pé, esta voz que murmura bom-dia.
Então
o animal de duas cabeças pensa ou diz ou queria:
– Para
gente que acorda assim, não pode acontecer nada ruim.
Eduardo
Galeano, in Mulheres
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