sexta-feira, 4 de julho de 2025

From Me to You

Os Beatles em turnê com Roy Orbison e Gerry and the Pacemakers. Reino Unido, 1963



From Me to You
De John Lennon e Paul McCartney
Single, 1963

If there’s anything that you want
If there’s anything I can do
Just call on me and I’ll send it along
With love from me to you

I’ve got everything that you want
Like a heart that’s oh so true
Just call on me and I’ll send it along
With love from me to you

I got arms that long to hold you
And keep you by my side
I got lips that long to kiss you
And keep you satisfied

If there’s anything that you want
If there’s anything I can do
Just call on me and I’ll send it along
With love from me to you

From me
To you
Just call on me and I’ll send it along
With love from me to you

I got arms that long to hold you
And keep you by my side
I got lips that long to kiss you
And keep you satisfied

If there’s anything that you want
If there’s anything I can do
Just call on me and I’ll send it along
With love from me to you
To you
To you
To you

John e eu ainda morávamos nas casas de nossas famílias quando os Beatles começaram a gravar discos, e nos ocorreu que deveríamos tentar nos comunicar com as nossas fãs. Só queríamos que mais e mais pessoas gostassem de nós. Era emocionante saber que as pessoas gostavam da gente e se esforçavam para nos mostrar isso, por exemplo, escrevendo cartas para nós. Resumimos os nossos esforços de alcançar as fãs numa de nossas primeiras canções, chamada “Thank You, Girl”, que Chrissie Hynde (mais tarde do The Pretenders), ouviu em Akron, Ohio.
Todas as nossas primeiras composições traziam pronomes pessoais nos títulos. Primeiro single: “Love Me Do”; segundo single: “Please Please Me”; em seguida, “From Me to You” – nessa conseguimos colocar dois! Depois vieram “She Loves You” e “I Want to Hold Your Hand”. Era tudo muito pessoal, então alcançávamos a todos que ouviam a canção.
Love Me Do” fazia uma súplica muito pessoal: “Love, love me do/ You know I love you”. “Please Please Me” foi nosso primeiro hit número um na Inglaterra. E depois veio esta canção, “From Me to You”. Lançávamos mão de todos os truques possíveis. Uma introdução cativante para cantar junto; você nem precisa saber a letra e pode cantar junto com ela. Essas canções realçam a sonoridade da gaita de boca de John. Ela brilhou em “Love Me Do” e agora reaparece em “From Me to You”. A ideia de enviar uma carta sempre foi muito importante no rock’n’roll. Para citar apenas duas: “Please Mr. Postman” e “Return to Sender”.
Quando compusemos esta canção, estávamos em turnê com Roy Orbison. Passamos o mês inteiro viajando no mesmo ônibus, que estacionava em algum lugar para que o pessoal tomasse uma xícara de chá e comesse algo, e John e eu tomávamos uma xícara de chá e voltávamos ao ônibus para fazer alguma composição. É uma imagem especial para mim, aos 21 anos, andar pelo corredor do ônibus e ver Roy Orbison lá no fundão, de traje preto e óculos escuros, dedilhando seu violão e compondo “Pretty Woman”. Existia uma camaradagem, e inspirávamos uns aos outros, o que sempre é uma coisa adorável. Ele tocou a canção para nós, e dissemos: “Essa é das boas, Roy. Excelente”. E então dissemos: “Bem, que tal esta?”, e tocamos “From Me to You”. Uma espécie de momento histórico, no fim das contas.
O nosso forte sempre foram os acordes básicos. Se você estivesse em Dó, seria Dó, Lá menor, Fá e Sol; esses seriam os acordes, e você realmente não os variava. Não era preciso variar, porque eram tantas as permutações possíveis que você poderia compor muitas canções e todas elas soariam bem diferentes, apenas mudando a sequência. É um fascínio infinito. Mas, nesta canção, quando entramos no contraste – “I got arms that long to hold you” – esse acorde entra na sequência de Dó, Lá menor, Fá, Sol e chega ao Sol menor. Após compormos esta, eu me lembro de ter pensado: “Agora estamos chegando a algum lugar”.

Paul McCartney, em As Letras: 1956 até o presente

Nenhum comentário:

Postar um comentário