Marcela
esteve nas neves do Norte. Em Oslo, uma noite, conheceu uma mulher
que canta e conta.
Entre
canção e canção, essa mulher conta boas histórias, e as conta
espiando papeizinhos, como quem lê a sorte de soslaio.
Essa
mulher de Oslo veste uma saia imensa, toda cheia de bolsinhas. Dos
bolsos vai tirando papeizinhos, um por um, e em cada papelzinho há
uma boa história para ser contada, uma história de fundação e
fundamento, e em cada história há gente que quer tornar a viver por
arte de bruxaria. E assim ela vai ressuscitando os esquecidos e os
mortos; e das profundidades desta saia vão brotando as andanças e
os amores do bicho humano, que vai vivendo, que dizendo vai.
Eduardo
Galeano, in Mulheres
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