sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Stephen Hawking

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Stephen Hawking tem sido comparado ao Dr. Strangelove, o monstro do clássico filme de Kubrick. E existe mais do que a óbvia ligeira semelhança. É claro que Hawking não é nenhum nazista dominado pela angústia. No entanto, aqueles que trabalharam com ele dão conta de uma intensidade semelhante de energia intelectual reprimida. O Dr. Strangelove era uma paródia da vontade de poder — mas de um tipo complexo, perspicaz, quase sempre cerebral. Ao mesmo tempo, Strangelove era também totalmente humano, possuído por sentimentos fortes e fraquezas humanas — que sua condição de paralítico nada fazia para minorar. Hawking sempre insistiu em que ele também deveria ser visto como um ser humano normal e suas atitudes justificaram plenamente essa reivindicação.
No filme, nunca se vê o gabinete de Strangelove. Se alguma locação tivesse sido necessária, o gabinete de trabalho de Hawking em Cambridge teria sido a escolha ideal — com sua silenciosa aura de concentração quebrada apenas pelo tique-taque do mecanismo acionado pelo protagonista prisioneiro da cadeira de rodas. Ao seu redor, telas de computador, um espelho a partir do qual seu rosto atento responde ao olhar do interlocutor e grandes pôsteres de Marilyn Monroe, olhando fixamente das paredes.
Essa mente isolada do mundo sente-se em casa nas distâncias remotas do universo. Ela produziu algumas das mais estimulantes reflexões cosmológicas de todos os tempos. Toda a nossa imagem do cosmo transformou-se drasticamente durante a era Hawking. O cenário que ele e seus colegas traçaram é tão criativo e belo quanto uma grande obra de arte. É também tão “impossível” quanto um sonho e de uma complexidade que excede, em muito, a compreensão cotidiana. Hawking formulou novas e sensacionais ideias sobre os buracos negros, a “Teoria de Tudo” e a origem do universo.
Tudo isso, no entanto, tem sido questionado. A cosmologia é o estudo do universo — mas será de fato ciência? (Apesar de toda a sua diabólica matemática, grande parte dela não pode ser provada.) Será a cosmologia, de alguma forma, significativa ou útil? Ou será como um conto de fadas, tão relevante para nossas vidas quanto as artimanhas dos antigos deuses gregos? As realizações de Hawking podem ser vistas como seminais para nosso entendimento da própria vida ou como um vasto empreendimento intelectual repleto de som e fúria, mas sem significado algum.
Paul Strathern, in Hawking e os Buracos Negros em 90 minutos

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