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Quando
uma sociedade e seus valores ficam muito perdidos, ela ganha muita
força para a autoajuda. É uma sociedade que procura o que fazer,
como viver. Precisa muito de receita.
O
melhor diálogo que travamos na vida é com o silêncio. Conversar
com o silêncio é fascinante. Vivemos em uma sociedade em que o
silêncio está interditado. As pessoas falam o tempo inteiro. Você
entra no aeroporto e a tevê está ligada o tempo inteiro. No hotel,
a tevê está ligada o tempo inteiro. Tem uma música tocando no
elevador, tem alguém falando no celular. Tem pessoas com três
celulares. É um mundo que fala o tempo inteiro. Não conversamos com
o silêncio. E quando escutamos o silêncio, temos muitas respostas.
Estamos ficando cada dia mais interditados do silêncio.
Tem
um objeto que me preocupa muito chamado televisão. Não tenho nada
contra. Às vezes, tem umas novelas boas que a gente descansa ao
assistir. Mas entre um bloco e outro, existe uma coisa chamada
comercial, que mostra tudo o que não temos. Você não tem esse
cartão de crédito, não tem esse tênis, não fez essa viagem. Você
não tem esse carro, não usa esse produto…
Certa
vez, umas senhoras apareceram na minha casa, muito bem vestidas, às
três horas da tarde, me pedindo para participar de abaixo-assinado
que elas iriam mandar para o Roberto Marinho. O abaixo-assinado era
porque a Globo estava passando programas naquele horário que não
eram bons para os jovens. Eu as levei até o escritório, não tenho
tevê na sala, e disse para elas: “Olha, vou dizer para a senhora
que a minha televisão é maravilhosa. Ela tem um botão que quando
não quero assistir, eu desligo. Tem que instalar na da senhora. É
uma coisa fascinante. Se a da senhora não tem, mandar instalar”.
As
pessoas estão sem autonomia até para desligar uma televisão.
Compram aquilo, ligam de manhã e dormem com aquilo ligado a noite
inteira. É uma coisa que fala no ouvido da gente o tempo inteiro.
Bartolomeu
Campos de Queirós,
in Palestra no Teatro do Paiol, Curitiba – PR
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