sexta-feira, 25 de agosto de 2023

1514 – Santa Maria do Darién | Por amor às frutas

Gonzalo Fernández de Oviedo, recém-chegado, prova as frutas do Novo Mundo.
A goiaba lhe parece muito superior à maçã.
A fruta-de-conde é formosa e oferece uma polpa branca, aguada, de muito temperado sabor, que por muito que se coma não causa dano nem empanturra.
O mamey tem um sabor de lamber os lábios e cheira muito bem. Não existe nada melhor, opina.
Mas morde uma nêspera e lhe invade a cabeça um aroma que nem o almíscar iguala. A nêspera é a melhor fruta, corrige, e não se acha coisa que se lhe possa comparar.
Descasca, então, um abacaxi. O dourado abacaxi cheira como gostariam de cheirar os pêssegos e é capaz de abrir o apetite de quem já nem lembra a vontade de comer. Oviedo não conhece palavras que mereçam dizer suas virtudes. Se alegram seus olhos, seu nariz, seus dedos, sua língua. Esta supera todas, sentencia, como as plumas do pavão real resplandecem sobre as de qualquer ave.

Eduardo Galeano, in Os Nascimentos

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