Gonzalo
Fernández de Oviedo, recém-chegado, prova as frutas do Novo Mundo.
A
goiaba lhe parece muito superior à maçã.
A
fruta-de-conde é formosa e oferece uma polpa branca, aguada, de
muito temperado sabor, que por muito que se coma não causa dano nem
empanturra.
O
mamey tem um sabor de lamber os lábios e cheira muito bem.
Não existe nada melhor, opina.
Mas
morde uma nêspera e lhe invade a cabeça um aroma que nem o almíscar
iguala. A nêspera é a melhor fruta, corrige, e não se
acha coisa que se lhe possa comparar.
Descasca,
então, um abacaxi. O dourado abacaxi cheira como gostariam de
cheirar os pêssegos e é capaz de abrir o apetite de quem já nem
lembra a vontade de comer. Oviedo não conhece palavras que mereçam
dizer suas virtudes. Se alegram seus olhos, seu nariz, seus dedos,
sua língua. Esta supera todas, sentencia, como as plumas do pavão
real resplandecem sobre as de qualquer ave.
Eduardo Galeano, in Os Nascimentos
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