No
fim dos anos 1960, depois do AI-5 que endureceu a ditadura, a música
brasileira estava em crise. A MPB parecia ter chegado a um impasse
criativo, com os seus principais nomes (Caetano, Gil, Chico Buarque,
Edu Lobo, Geraldo Vandré) fora do país. O Tropicalismo, que havia
rachado a MPB em busca de liberdade e modernização pop, mas não
chegou a ter sucesso popular, praticamente acabou com o exílio de
Gilberto Gil e Caetano Veloso em Londres. O rock brasileiro, que
nunca chegou a ser um movimento, se resumia aos casos isolados de
Rita Lee, Raul Seixas e Mutantes. É nesse vazio que surge como um
furacão Tim Maia.
Depois
de cinco anos nos Estados Unidos, Sebastião Rodrigues Maia
(1942-1998) voltou ao Brasil com 23 anos e uma grande novidade: a
mistura explosiva do funk, do soul e do R&B americanos com ritmos
nacionais – uma alquimia sonora que mudou os rumos da música
brasileira, que ficou mais alegre, mais suingada, mais negra e mais
romântica.
Em
1968, Tim emplacou seu primeiro sucesso, o funk raivoso “Não vou
ficar”, que foi um marco na carreira de Roberto Carlos. Um ano
depois, começou a se tornar conhecido nacionalmente por seu
sensacional dueto com Elis Regina em “These Are the Songs”, em
que fazia uma integração de soul e bossa nova. Até que, em 1970,
foi contratado pela Philips para seu primeiro LP, um
arrasa-quarteirão que se tornou o maior sucesso e a melhor novidade
do ano, graças a hits como “Azul da cor do mar” e “Coroné
Antônio Bento”, uma recriação de uma composição de João do
Vale e Luiz Wanderley, como uma pioneira fusão de funk com xaxado.
Mas
foi no seu segundo álbum, em 1971, que Tim Maia sedimentou de vez a
sua original mistura. No repertório estava o clássico “Não quero
dinheiro (Só quero amar)”, uma melodia construída sobre uma
levada soul seca, que se desenvolve em uma sequência ascendente para
desembocar no refrão irresistível, síntese de um novo gênero
musical que conquistou imediato sucesso popular, influenciando as
gerações que vieram depois.
Nos
anos 1990 foi regravada com grande sucesso por Marisa Monte e Ivete
Sangalo.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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