sábado, 18 de fevereiro de 2023

Mitologias

Brasileiro adora mito, lenda, fábula, conto-do-vigário. Tá no sangue. A consequência natural disso é uma verdadeira febre de adaptações. Do programa de computador à escopeta, modéstia à parte, a gente adaptamos de tudo. Visando aumentar a confusão reinante, eis aqui minha contribuição a esse lamentável estado de coisas: novas adaptaciones da mitologia!
Antes das coisas serem criadas havia o Caos, também conhecido como José Sarney. Sarney teve dois filhos com a ninfa Cafona, protetora do laquê: Prometeu-tem-que-cumprir e Ajoelhou-tem-que-rezar, ambos derrotados na disputa ao governo do Maranhão. Prometeu, rei do nepotismo, fez o homem a fim de preencher as vagas de ascensorista do Senado. Ao contrário dos animais, fê-lo(ui) ereto, pra poder se curvar diante dos poderosos, e de olhos altivos, pra olhar balão e bunda de mulher subindo escada. Prometeu era um dos Titãs, ao lado de Arnaldo Antunes e Toni Bellotto. Os pobres mortais odiavam os Titãs porque um deles namorava a Malu Mader. O outro nome de Ajoelhou era Epimeteu, que dotou os animais de presas, garras, colarinho branco e fundou a Fiesp. Epimeteu fez muitos gastos inúteis, o que levou Jair Meneguelli a declarar:
Não sento na mesa de negociações do pacto com esse cara.
Prometeu, percebendo o começo da orgia na ciranda financeira, associou-se à Minerva numa fábrica de sabão em pó. Epimeteu, bicão e oportunista pra caramba, perguntou ao irmão:
Que qui eu faço nessa boca?
Prometeu inventou no ato a proverbial resposta:
Vá lamber sabão!
Ah, ia esquecendo: a filha do Caos virou Musa.

Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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