Uma vez alguém levou Janis Joplin a uma festa na casa da Franklin Avenue: ela tinha acabado de fazer uma apresentação e queria beber conhaque e licor Benedictine em um copo alto. Esse pessoal da música nunca quer bebidas comuns. Querem saquê, drinques com champanhe ou tequila pura. Passar um tempo com o pessoal da música era confuso, exigia uma abordagem mais fluida e, em última análise, mais passiva de que eu era capaz. Em primeiro lugar, o tempo nunca era essencial: a gente ia jantar às 21 horas, mas podia ser que jantássemos às 23h30, ou podia pedir comida depois. A gente acabaria na Universidade do Sul da Califórnia para ver o The Living Theatre se a limusine chegasse antes de alguém fugir para arranjar uma bebida, um cigarro ou um esquema para encontrar a Ultra Violet em Montecito. Em todo caso, David Hockney estava para chegar. Em todo caso, a Ultra Violet não estava em Montecito. Em todo caso, a gente poderia ir até a Universidade do Sul da Califórnia ver o The Living Theatre hoje à noite ou em outra noite, em Nova York ou em Praga. Primeiro a gente queria sushi para vinte, amêijoas cozidas, vinha-d’alhos de vegetais, muitos drinques com rum e gardênias para o cabelo. Primeiro a gente queria uma mesa para doze, catorze no máximo, embora possa ter seis a mais, ou oito a mais, ou onze a mais: nunca ia ter um ou dois a mais, porque o pessoal da música não viaja em grupos de “um” ou “dois”. John e Michelle Phillips, a caminho do hospital para o nascimento da filha deles, Chynna, fez a limusine desviar para Hollywood para pegar uma amiga, Anne Marshall. Esse incidente, que embelezo com frequência para incluir um segundo e imaginário desvio, para um luau das gardênias, descreve de forma exata o ramo da música para mim.
Joan Didion, in O álbum branco
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