segunda-feira, 4 de março de 2019

Uma relação perversa

É a dominação da grande empresa sobre os jornais e a relação de concubinato entre a grande empresa e o governo de plantão. Tudo isso forma uma cadeia de interesses cujo ponto final é o jornal. É normal que o jornal se limite a informar, sem correr riscos. Quando se arrisca, está suficientemente protegido para dar a opinião que convém ao poder. Às vezes arrisca, se tem a expectativa de que o poder será substituído. É a aposta no governo seguinte. Há sempre uma relação perversa nesse trinômio Estado-empresa-jornal. Pode-se dizer que, a rigor, já não existem jornais: o que há são empresas jornalísticas.
José Saramago, in As palavras de Saramago

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