Vemos
grandes estadistas e, em geral, todos aqueles que devem servir-se de
muitas pessoas para a execução dos seus planos, comportarem-se ora
de uma maneira, ora de outra: ou selecionam muito apurada e
cuidadosamente as pessoas que convêm aos seus projetos e lhes
deixam, depois, uma liberdade relativamente grande, porque sabem que
a natureza desses indivíduos escolhidos os impele precisamente para
onde eles próprios querem que eles vão; ou, então, escolhem mal,
pegam mesmo no que têm à mão, mas formam a partir desse barro algo
que serve para os seus fins. Este último gênero é o mais violento,
também o que procura instrumentos mais submissos; o seu conhecimento
dos homens é, habitualmente, muito mais escasso, o seu desprezo
pelos homens é maior do que no caso dos espíritos mencionados em
primeiro lugar, mas a máquina, que eles constroem, trabalha melhor,
de maneira geral, que a máquina saída da oficina daqueles.
Friedrich
Nietzsche, in Humano, demasiado humano
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