quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O homem: não mais centro de nada

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A ideia de evolução parece-nos hoje tão evidente que é difícil imaginar como o mundo surgiu sem ela. Darwin teve o mesmo destino de Freud, que disse: “Espero que algum dia perguntem: o que havia de tão especial nesse tal de Freud? Tudo o que ele disse era tão óbvio.” Por outro lado (mais uma vez como Freud), quando as ideias de Darwin são examinadas em profundidade, podem parecer totalmente não-científicas ou até mesmo sem sentido. Em última análise, “sobrevivência do mais forte” não significa senão “sobrevivência do que sobrevive”.
De uma maneira ou de outra, Darwin foi inegavelmente um dos poucos pensadores a subverter a noção de como nos vemos e ao mundo que nos cerca. Depois dele, as coisas jamais seriam as mesmas; e é um caminho sem volta. Depois de Darwin, o homem deixou, para sempre, de ser uma espécie privilegiada.
Darwin surgiu ao final da revolução iniciada no século XVI com Copérnico. A Terra orbitava em torno do Sol: não éramos mais o centro do universo. Ainda mais significativo foi descobrir que as leis da ciência vigoravam no céu. (Acreditava-se anteriormente que eram válidas apenas na Terra.) Darwin completou sua revolução mostrando como a ciência se aplicava à própria vida. Tudo era científico e a humanidade não era mais centro de nada — apenas mais uma espécie no processo evolutivo científico. No início, isso era inaceitável e chocante. Solapava nossa própria ideia do que somos. Mas os seres humanos são criaturas flexíveis. Os fatores genéticos que lhes deram origem não passaram à toa por cinco bilhões de anos de evolução. Ao contrário do que se previa, esse autoconhecimento não nos reduziu a “autômatos científicos”. Assim como o homem que nos colocou nessa situação difícil, continuamos “humanos, demasiadamente humanos”.
Paul Strathern, in Darwin e a evolução em 90 minutos

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