A
outra chave não gira na porta da rua.
A
outra voz, cômica, desafinada, não canta no chuveiro.
No
chão do banheiro não há marcas de outros pés molhados.
Nenhum
cheiro quente vem da cozinha.
Uma
maçã meio comida, marcada por outros dentes, começa a apodrecer em
cima da mesa.
Um
cigarro meio fumado, lagarta de cinza morta, tinge a beira do
cinzeiro. Penso que deveria fazer a barba.
Penso
que deveria, me vestir, penso que deveria.
Uma
água suja chove dentro de mim.
Eduardo
Galeano, in Mulheres
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